Em 2017, o festival Quinzena de Dança de Almada, organizado pela Ca.DA, comemora 25 anos. Ao longo deste tempo, o festival tem contribuído para o intercâmbio e promoção internacional da dança, oriunda de vários países. Tal como tantos coreógrafos pelo mundo, também os artistas portugueses procuram alargar o seu conhecimento e experiência noutros países. Pela Companhia de Dança de Almada, iniciaram-se bailarinos e coreógrafos que escolheram ficar fora de Portugal. Na Alemanha, encontrámos Carla Jordão e na Bélgica, Ricardo Ambrózio. Trazê-los de novo ao contacto com o nosso público pareceu-nos uma boa aposta. Representa o apreço e reconhecimento que temos por todos aqueles que se dispuseram a partir, para poder crescer nesta arte da dança. O programa proposto é partilhado por trabalhos destes dois coreógrafos, e pela primeira vez para a Ca.DA, uma criação de Luís Marrafa, atualmente residente na Bélgica. “Coevos” pretende-se, pois, um programa eclético, onde se poderá entrever o universo de cada coreógrafo dentro do nosso imaginário coletivo.
Marvel, coreografia de Luís Marrafa | ESTREIA
La ligne de Vie I ←, coreografia de Carla Jordão
Todo para sempre é agora (nova versão) ←, coreografia de Ricardo Ambrózio
Sobre os autores
Carla Jordão é licenciada em Dança no Ramo de Espetáculo pela Escola Superior de Dança, em Portugal (2004), e Mestre em Composição Coreográfica pela Folkwang Universtät der Künste, na Alemanha (2016). A sua experiência profissional está ligada à dança, ao teatro e à coreografia. Tem participado em variadas performances, em diferentes países como Portugal, Espanha, França, Grécia, Polónia, Áustria e Alemanha. Foi bailarina e coreógrafa da Companhia de Dança de Almada, na qual trabalhou com diversos coreógrafos como Benvindo Fonseca, Clara Andermatt, Guillermo Horta Bettencourt, Jean Paul Bucchieri, Marie Coquil e Rui Pinto. Foi Bailarina da Kamu Suna Ballet Company com a direção de César Moniz. Fez parte do elenco da peça “O 3º Homem” (teatro/dança), da Inestética Companhia Teatral. Em Berlin, participou nas peças de dança “Complementary differences” e “Love matters”, do coreógrafo Chaim Gebber. Bailarina na peca “7XK”, de Mario Mattiazzo, com criação em Colónia (Alemanha) e Viena (Áustria), uma coreografia para o Sommerblut Festival. Assistente da dramaturga Célestine Hennermann, no projecto “Ich sehe was, was du nicht siehst”, criação e performance em Düsseldorf e Frankfurt. Coreografou a peça “La Ligne de Vie” para a Companhia de Dança de Almada, a qual foi escolhida para representar a Companhia em vários festivais europeus. Coreógrafa/intérprete do solo “Self Portrait”, criado numa residência em L’AGORA, Guilers (França) com estreia no Festival La Becquée (França), uma peça apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Compagnie Pour Un Soir. Coreografou também a peça “Me you you Me”, resultado de uma cocriação com Romain Husson, numa Residência Artística no CAE, Figueira da Foz, com o apoio da Corpodehoje. Criou as peças “Skeletal automaton” (2015) e “Unruhe” (2016), estreadas no Fünfzehnminuten Festival (Colónia, Alemanha). “Drafting Plan”, um dueto criado em colaboração com Stephanie Miracle, que ganhou o primeiro prémio de melhor dueto em 2015, no Festival SoloDue em Barnes Crossing (Colónia, Alemanha). Em 2016, a mesma peça ganhou o prémio de melhor dueto apresentado no SzoloDuo Festival (Budapeste, Hungria), e o terceiro prémio no Contact Energy Competition (Erfurt, Alemanha). Em 2016, criou “State of Suspension”, “This must be the place”, “Delimited expanding mass” e mais duas peças especificamente para o Extraschicht – Lange Nacht der Industriekultur (Unna), e para o Festival Welttheater der strasse (Schwerte), ambos na Alemanha. Em 2016, foi uma das três coreógrafas escolhidas para a residência “Think Big”, no teatro nacional em Hannover, Alemanha.
Luís Marrafa nasceu e viveu em Schüttorf na Alemanha até ao seus 9 anos. Mudou-se para Évora e depois para Lisboa, passou por Londres e neste momento vive e trabalha em Bruxelas. Luis desde muito cedo despertou a paixão pelo desenho e dança, mas o desenho foi a sua primeira abordagem artística e já em criança foi convidado para expor alguns dos seus trabalhos premiados. Ele mais tarde através da admiração pela pintora Leonor Serpa Branco entrou na Escola Superior de Artes e Design nas Caldas da Rainha. Mas num instante desistiu do curso depois de ver “Pixel”, uma peça de dança do coreógrafo Rui Horta. E assim tudo começou, licenciou-se na Escola Superior de Dança, em Lisboa. É cofundador da companhia MARRAFA vzw e do estúdio de dança StairCase.studio em Bruxelas. Cria e produz os seus próprios trabalhos como coreógrafo, bailarino e desenhador/compositor de som, inspirando-se intuitivamente na sua experiência e no ambiente multicultural à sua volta, destacando os trabalhos Unstable, Disquiet, IIB (em colaboração com António Cabrita obteve o prémio de melhor fotografia através do VII concurso de fotografia no Barreiro em 2008 e do melhor vídeo de dança do festival de dança de Almada em 2009), Untitled (prémio da melhor performance através do festival InShadow, em Lisboa em 2012), ABSTAND (nomeado para melhor coreografia pelo Prémio Autores SPA 2014). HOME (selecionado pela Aerowaves twenty company em 2016). Realça os artistas com quem trabalhou, Karine Ponties, Rui Horta, António Cabrita e Tânia Carvalho. “O conceito é gerar movimento, do mais simples ao complexo. Cada movimento por sua vez terá um profundo desejo de comunicar”.
Ricardo Ambrózio, de nacionalidade luso/brasileira, cresceu no Rio de Janeiro. Interessa-se desde cedo pela cultura brasileira, incluindo a cultura popular. Aos seis anos de idade inicia-se com o ritmo e movimento, com aulas de capoeira, e aos treze anos integra um grupo de dança de rua, participando em competições durante três anos. Aos dezasseis anos conhece Flávia Tápias, bailarina, professora e coreógrafa brasileira que o convida e incentiva a estudar e a trabalhar como seu assistente, partilhando consigo as aulas e materiais de pesquisa. Desta forma assume o cargo de pesquisador residente no Centro de Documentação e Pesquisa de Dança do Rio de Janeiro (CDPD-RJ). Trabalha como produtor em festivais de dança e frequenta durante dois anos a Faculdade Angel Vianna. Vem para Lisboa com vinte anos, onde frequenta a Escola Superior de Dança. Em Portugal foi bailarino da Companhia de Dança de Almada (2007-10), destaca o trabalho com Filipa Francisco, Rita Galo e Ana Macara. Iniciou-se como coreógrafo na Companhia de Dança de Almada onde criou “Lifeboat” (2008), “Nossos”(2009), peça apresentada nos festivais internacionais “La Becquée” em Brest (França) e “ProArt” em Praga. Criou ainda para a Ca.DA, em 2014, “Todo para sempre é agora”. Como coreógrafo e professor criou e desenvolveu um estilo próprio, no qual mistura todas as influências de Dança recebidas. Numa procura constante de pesquisa coreográfica, muda-se para Amsterdão e Bruxelas, onde trabalha com Bruno Caverna, Gerard Mosterd, Dogwolf (companhia de Chris de Feyter), Willy Dorner e Wim Vandekeybus. Trabalhou nos últimos quatro anos na companhia de Wim Vandekeybus. Atualmente dirige o seu próprio projeto "Untamed Productions", iniciado em 2013.
75' | M/12
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