"Sol, Memorias, Corpos de Luz" (1991) de Ana Macara, foi a primeira peça criada expressamente por uma coreógrafa convidada, que até hoje colabora com a Companhia.
"O Cansaço dos Santos" (1992) de Clara Andermatt, marcou um processo de evolução na companhia, na carreira da coreógrafa e no próprio consolidar da Nova Dança Portuguesa.
"Com os Olhos de... Água para Chocolate" (2002) de Benvindo Fonseca - um dos mais carismáticos coreógrafos da dança portuguesa - representa também um dos maiores sucessos da companhia, agora em nova versão.
Ficha Artística
Coreografias: Ana Macara, Clara Andermatt e Benvindo Fonseca
Figurinos originais: João Zhoraide, Carlota Lagido e José Tenente
Desenhos de Luz originais: Cristina Piedade e Paulo Graça
Adaptação de Desenhos de Luz originais: Pedro Machado
Sonoplastia: José Pacheco
Intérpretes: Beatriz Rousseau, Carla Jordão, Débora Queiroz, Lucinda Saragga, Nuno Gomes, Ricardo Santos e Sofia Silva
Duração: 90' com intervalo
Classificação: maiores de 6 anos
Sobre os autores
Ana Macara
Natural de Lisboa, iniciou a sua formação em Dança Clássica, à qual se dedicou até 1973, tendo trabalhado com Anna Mascolo. Iniciou-se então em Dança Jazz, trabalhando com Edgar Coronado até 1977. Em 1978 e 79, com bolsa do INIC, trabalhou Dança Contemporânea, Mímica e Expressão Dramática em Paris, com professores como Susanah Hayman-Shaffey, Barbara Pierce, Chris Pagés e Aaron Osborn, realizando posteriormente diversos estágios na Suiça, Inglaterra, França e Nova Iorque.
Foi uma das fundadoras, bailarina e coreógrafa do Grupo Experimental de Dança Jazz, entre 1989 e 1993. Entre 1994 e 1996 fundou e dirigiu o Grupo de Dança Atitudes e Movimentos, apresentando espectáculos por todo o país. Desde então tem desenvolvido o seu trabalho como coreógrafa em diversos espectáculos para teatro e televisão, participando também em diversas produções multimédia, entre os quais Flexões e Reflexões e Amagarte, apresentados pelo Acarte. Coreografou para o espectáculo Crysalider dans une Forêt de Verre da Companhia Belga Danscompagnie Francine De Veylder. Desde 1991 colabora com a Companhia de Dança de Almada, como coreógrafa convidada, criando diferentes peças: Sol, Memória, Corpos de Luz...; Dependência; Anunciação; Entre ser e...Ser, Elevado a 4, Cenas (Des)compostas e Pulos na rua com os pés na Lua. Desenvolveu também com a CDAlmada diferentes projectos de sessões didácticas de dança para a infância. Desde o seu início participa na concepção do projecto e direcção da Quinzena da Dança de Almada.
Dedicando-se ao ensino da dança desde 1978, é membro do Departamento de Dança da Faculdade de Motricidade Humana desde 1983, sendo actualmente Professora Associada, com nomeação definitiva, responsável por disciplinas de Composição e Produção Coreográfica, no curso de Licenciatura e Coreografia e Análise do Comportamento do Bailarino do Mestrado em Dança. Membro do Conselho de representantes e da Comissão coordenadora do Conselho Científico da FMH. Coordenadora do Departamento e da Licenciatura em Dança da FMH. Ensinou também, regularmente em Paris e Greensboro, (E.U.A.) e, como professora convidada, tem apresentado seminários e Master Classses em Departamentos de Dança de Universidades na Bélgica (Bruxelas e Lovaina), França (Paris e Lyon) e Finlândia (JyvasKyla), Estados Unidos (Arizona State University, James Madison University, da Virginia, University of North Carolina, Western Michigan University(EUA). Em 1987 concluiu o curso de Mestrado em Dança da Universidade da Carolina do Norte em Greensboro, e em 1994 o Doutoramento Europeu na especialidade de Dança, na Faculdade de Motricidade Humana. Pós-doutoramento em 2001 na Universidade da Carolina do Norte. Tem desenvolvido diversos projectos de investigação na área da dança, tendo publicado e apresentado vários estudos em conferências nacionais e internacionais organizadas por associações como a DaCi (Dance and the Child International), CORD (Congress on Research in Dance), Concepts, National Dance Association (EUA), etc. Representante Nacional na Comissão Consultiva da DaCi (Dance and the Child International) e membro da Comissão Executiva da Secção de Dança da Elia (European League of Institutes of the Arts).
Nomeação para “Sete de Ouro” em 1983 pela coreografia “Solo Solidão”. Recebeu o prémio “Mulheres” na área da Dança para o ano 1984. Recebeu prémio “Lawther” de Carreira da Universidade da Carolina do Norte, em 2004.
Clara Andermatt
Considerada uma das pioneiras do movimento da nova dança portuguesa, a carreira de Clara Andermatt revelou, ao longo dos anos, uma identidade artística particularmente singular no panorama artístico nacional e internacional, e um percurso que, indubitavelmente, deixou a sua marca na história da dança contemporânea portuguesa e lhe trouxe o devido reconhecimento público.Iniciou os seus estudos de dança com Luna Andermatt. Diplomada pelo London Studio Centre e pela Royal Academy of Dancing (1980-84, Londres); foi bailarina da Companhia de Dança de Lisboa, sob a orientação de Rui Horta (1984-88), e da Companhia Metros de Ramón Oller (1989-91, Barcelona). Em 1991, cria a sua própria companhia coreografando um vasto número de obras regularmente apresentadas em Portugal e no estrangeiro.
É em 1994 que inicia a sua colaboração com Cabo Verde, organizando várias acções de formação e realizando diversos espectáculos com bailarinos e músicos daquele país, uma cooperação que se manteve durante 7 anos.Clara Andermatt é regularmente convidada a criar para outras companhias, a leccionar em diversas escolas e a participar como coreógrafa em peças de teatro e cinema.
O seu percurso revela uma evidente predilecção pelo contacto com outras áreas, especialmente nas zonas de fronteira entre géneros e estilos, entre o corpo treinado e não treinado e o desejo de aproximação do outro, procurando sentir e perceber a diferença de cada indivíduo.
Ao longo da sua carreira, Clara Andermatt tem sido distinguida com diversos prémios dos quais destaca: 1982-83 Bolsa Bridget Espinosa – Londres; 1983 The Best Student Award do London Studio Centre e 2º Prémio de Coreografia do London Studio Centre com a peça Cake Walk – Londres; 1989 1º Prémio do III Certamen Coreográfico de Madrid com a coreografia En-Fim; 1992 Menção Honrosa do Prémio Acarte/Madalena Perdigão da Fundação C. Gulbenkian com a coreografia Mel; 1994 Em conjunto com o coreógrafo Paulo Ribeiro, é distinguida com o Prémio Acarte/Madalena Azeredo Perdigão da Fundação C. Gulbenkian com a obra Dançar Cabo Verde; 1999 Prémio Almada, atribuído pelo Ministério da Cultura, pela obra Uma História da Dúvida, também eleita Espectáculo de Honra do Festival Internacional de Almada. Em 2009, é nomeada para os Prémios Autores 2010 da SPA/RTP, com o espectáculo VOID na categoria de Melhor Coreografia.
Benvindo Fonseca
Estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, Escola da Fundação Gulbenkian, Nova York, Londres e Paris. Dançou no Grupo Sétima Posição como Solista na Companhia de Dança de Lisboa, como Solista no Ballet Gulbenkian onde foi promovido a primeiro a 1º bailarino e onde trabalhou com Mats Ek, Jiri kylian, Hans Van Manem, Orad Naharin, Itzik Galili, Vasco Wellenkamp, Olga Roriz, Paul Taylor, Christopher Bruce, Nacho Duato entre outros.
Foi Co-Fundador Director Artístico e Coreografo do Lisboa Ballet Contemporâneo onde coreografou “Uma Noite” com Ella Fitzegerald, “Callas”, “Mermurio”, “Onigen”, “Casa de Bernarda Alba”, “Mar” com música tocada ao vivo pelo grupo Madredeus.
Coreografou também para o Teatro D. Maria II, “O Bando” e Teatro Experimental do Porto. Coreografou para o Ballet Gulbenkian, Companhia de Bailado Contemporânea, Companhia de Dança de Almada, Companhia de Dança de Évora, Stadttheater Hildesheim, Ópera de Berlim (Alemanha) e para o Conservatório Nacional, Escola Superior de Dança e Academia de Dança Clássica Pirmin Treku. Participou em Galas Internacionais em São Pantaleo, Madrid, Sevilha, Miami.
Os seus bailados foram dançados em Espanha, Itália, Alemanha, E.U.A., Cuba, Brasil, Grécia, Polónia. Destaca o solo a “Dança Árabe” de Tchaikovsky, tocado ao vivo por Maria João Pires e o pas de deux “Povo que lavas no rio” tocado ao vivo por Amália Rodrigues, na Mãe D'Água, Lisboa (1997).
Entre os vários prémios que recebeu sobressaem “Jovens na Criatividade" da ONU (1993), tornando-se Embaixador da Boa Vontade da organização; prémio de carreira atribuído pela Associação Primo-Canto (2002); prémio de carreira atribuído pela Câmara Municipal de Oeiras e Revista Dança (2009); prémio pelo projecto coreográfico “Ciranda”, atribuído pela Câmara Municipal de Oeiras (2010).